Policial civil vira réu pela morte de assessor parlamentar após briga de trânsito na Barra da Tijuca
07/05/2025
(Foto: Reprodução) Raphael Gedeão foi denunciado pelo homicídio triplamente qualificado de Marcelo Abitan em janeiro deste ano. Justiça vai definir se ele vai ou não a júri popular. Policial civil vira réu pela morte de assessor parlamentar após briga de trânsito na Barra da Tijuca
O policial civil Raphael Pinto Ferreira Gedeão virou réu pela morte do assessor parlamentar e empresário Marcelo dos Anjos Abitan da Silva. O crime aconteceu na porta de um apart-hotel na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, no dia 19 de janeiro, após uma discussão no trânsito.
A juíza da 4ª Vara Criminal do Rio, Lúcia Glioche, vai definir nos próximos meses se ele vai ou não a júri popular.
Raphael está preso há quase quatro meses. Ele se entregou à polícia dois dias após o crime, registrado por câmeras de segurança (veja mais detalhes abaixo).
Ele matou com três tiros Marcelo após uma discussão. O primeiro tiro atingiu o peito da vítima. Quando Marcelo tentou fugir, o policial atirou mais duas vezes nas costas dele.
O assessor parlamentar Marcelo dos Anjos Abitan da Silva e o policial civil Raphael Pinto Ferreira Gedeão
Reprodução/TV Globo
O motivo do desentendimento foi o veículo do policial civil, que impedia a entrada do carro de Marcelo na garagem de um apart-hotel, onde ambos estavam hospedados.
Após o crime, Raphael arrebentou a cancela para fugir do local. Ele trabalhava na Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
A Polícia Civil concluiu a investigação como um típico caso de legítima defesa putativa, ou seja, que se presume verídica, mas que não corresponde à verdade.
Segundo os investigadores, "o erro é plenamente justificável, haja vista que a vítima estava agressiva e com movimentos corporais típicos de quem sacaria uma arma de fogo."
O inquérito seguiu para o Ministério Público, que decidiu denunciar o policial civil por homicídio triplamente qualificado — por motivo fútil, sem dar chance de defesa à vítima e com emprego de arma de fogo.
De acordo com os promotores, “o crime foi cometido por motivo fútil, eis que o denunciado, após desrespeitar o direito da vítima de acessar o estacionamento da residência dela, absurdamente obstruindo a entrada por longo período, com desprezo à vida, executou-a com tiros após aquela reclamar e uma breve discussão.”
“No momento imediatamente anterior ao da ocorrência, o denunciado havia largado por mais de dez minutos, fechado e travado, o carro que utilizava, não cadastrado no hotel", acrescentam os promotores.
Até que a decisão sobre o júri popular seja tomada, Raphael continuará preso por determinação da Justiça.
A defesa do policial civil Raphael Gedeão preferiu não se manifestar.
LEIA TAMBÉM:
'Pra que isso?', perguntou antes de morrer assessor baleado durante briga de trânsito na Barra da Tijuca
Vídeo mostra policial atirando à queima-roupa em assessor parlamentar após discussão em hotel na Barra
Vídeo mostra tiros à queima-roupa
Imagens mostram o momento em que um policial civil assassina empresário na Barra
Câmeras de segurança registraram os momentos antes e depois do crime. As imagens mostram que, às 2h37 do dia 19 de janeiro, o policial civil chega de carro à cancela do hotel onde morava.
Ele fica por três minutos tentando o acesso, mas não consegue entrar. Deixa a pick-up preta parada ali e sai. Às 2h42, ele entra andando calmamente no corredor do apartamento.
Um minuto depois, às 2h43, Marcelo chega com o carro branco e para atrás da pick-up, pisca o farol e depois buzina algumas vezes, segundo testemunhas. O motorista, no entanto, não está ali.
Às 2h46, o policial aparece novamente no corredor saindo de casa com dois cachorros. Três minutos depois, as câmeras da frente do hotel mostram Raphael voltando do passeio com os animais. Ele é avisado por um funcionário que tem um carro tentando entrar no estacionamento e a pick-up dele está impedindo.
Nesse momento, às 2h50, Raphael e Marcelo começam a discussão. Ambos parecem exaltados.
Em determinado momento, ao perceber que Marcelo se aproximando, Raphael pega uma pistola, aponta para o vizinho e ordena que ele se afaste.
O empresário, no entanto, avança, a passos curtos, em direção ao policial, que faz um primeiro disparo na barriga de Marcelo.
A vítima põe a mão na ferida, grita, vira e tenta correr na direção oposta. Ao se virar, leva mais dois tiros nas costas.
Em seguida, uma testemunha teria dito a Raphael: "Irmão, desnecessário. Não precisa disso".
E o policial teria respondido: "Tentei falar com ele e agora deu nisso aí. Agora, chama a polícia".
O policial, em seguida, foi para casa trocar de roupas e, logo depois, fugiu do local. Ele se entregou à polícia dois dias após o crime.