Polícia prende suspeitos de envolvimento na morte de motorista de aplicativo em Senador Camará
30/05/2025
(Foto: Reprodução) A investigação aponta que o intuito dos bandidos era roubar o carro e vender para traficantes da favela do 38, em Bangu, além de fazer transferências bancárias da conta da vítima e roubar mais pertences. Motorista de aplicativo baleado passou por dois hospitais públicos e morreu sem conseguir fazer tomografia
Policiais da Delegacia de Homicídios da Capital e da 63ª DP (Japeri) prenderam nesta quinta-feira (29) um suspeito de envolvimento na morte do motorista de aplicativo Vagner Santos Ferreira, de 39 anos, que foi baleado na cabeça e morreu no imbróglio entre dois hospitais públicos. O segundo suspeito foi preso nesta sexta (30).
Matheus Ferreira dos Santos é suspeito de ter feito o disparo que matou o motorista na segunda-feira (26). A investigação aponta que o intuito dos bandidos era roubar o carro e vender para traficantes da favela do 38, em Bangu, além de fazer transferências bancárias da conta da vítima e roubar mais pertences.
Matheus Ferreira dos Santos
Reprodução
Hiago Sirino dos Santos, preso na sexta, também é suspeito de integrar a quadrilha. Ele foi preso perto de casa, em Senador Camará.
A quadrilha tinha usado a conta de uma mulher para solicitar a corrida, mas ele foi rendido por dois criminosos armados.
Hiago Sirino dos Santos
Reprodução
A corrida começou na estação de trem em Realengo, seguiu para o bairro de Senador Camará, onde o destino seria a Rua Nova Guiné.
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Pouco antes de chegar ao local, ele foi baleado na cabeça na Rua Júlio de Melo. A carteira dele foi levada, mas deixaram o celular.
No histórico do aplicativo aparece o horário do ponto de partida da viagem e o tempo de duração da viagem. Depois de 27 minutos, a corrida foi cancelada.
Dificuldade em realizar exame
O motorista passou por dois hospitais públicos, mas morreu antes de conseguir realizar a tomografia de que precisava. Ele foi socorrido, mas ainda passou por uma peregrinação para conseguir atendimento.
Primeiro foi levado para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo.
“Eles tentaram uma vaga pra ele pra uma tomografia, mas como o peso dele era elevado, não teve condições. Ele ficou na maca aqui no Albert na sala vermelha até conseguir uma vaga no Getúlio Vargas”, contou o irmão, Vanderson Ferreira.
Segundo a família, por volta das 23h, o motorista foi transferido para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas acabou sendo mandado de volta.
“Lá no Getúlio Vargas, o chefe do plantão não quis dar entrada nele, se negou a dar entrada nele, e mandou mandar ele pra cá de volta. Lá tinha neurocirurgião, assim informado pela chefe do plantão, e eles não quiseram dar entrada no meu irmão lá e que talvez se tivessem tentado fazer a cirurgia quando meu irmão deu entrada lá, ele teria uma chance de sobreviver.”
Ainda segundo a família, Vagner pesava mais de 140 kg. Ele teria ficado sem atendimento das 23h até o horário da morte, às 5h desta terça-feira (27).
Vagner Santos Ferreira
Reprodução/TV Globo
Vagner era eletricista de formação, mas trabalhava como motorista de aplicativo há 5 anos porque não conseguiu emprego. Quando saiu para trabalhar na noite desta segunda, a família ficou preocupada.
“Ele sempre mandava localização de corridas que ele achava que a corrida podia ser de risco, antes mesmo de pegar o passageiro. Essa noite ele não mandou. Minha mãe ficou ligando e ele não atendeu”, disse Vanderson.
Vagner Santos Ferreira
Reprodução/TV Globo
No cadastro do aplicativo, o nome do passageiro que pediu a corrida é de uma mulher. Mas testemunhas do crime disseram que viram dois homens no carro de Vagner. A família do motorista acredita que ele foi vítima de uma cilada.
“Ele tava numa corrida, parecia com dois rapazes que tavam dentro do carro, um no banco de trás e outro no banco da frente. E foi esse que tava no banco da frente que efetuou o disparo no meu irmão. E correram depois pra comunidade da Vila Aliança", disse o irmão.
O carro foi registrado na 34ª DP (Bangu) e examinado pela perícia.
O que dizem os envolvidos
O Hospital Estadual Getúlio Vargas disse que o motorista Vagner Santos Ferreira foi atendido por um neurocirurgião e, diante do quadro clínico do paciente, foi indicada a realização de uma tomografia para que ele pudesse fazer uma cirurgia.
Mas o hospital explicou que a unidade não tem equipamento de tomografia para pacientes superobesos. Disse ainda que isso foi informado ao Sistema de Regulação do município do Rio, que decidiu transferir o paciente mesmo assim.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) informou que vai notificar a Secretaria Municipal de Saúde "para que os fluxos de regulação sejam respeitados, evitando que situações como essa voltem a ocorrer."
'Ferimento muito intenso', diz secretário
O RJ1 perguntou ao secretário de Saúde do Rio, Daniel Soranz, porque Vagner foi levado para do Hospital Municipal Albert Schweitzer para outro hospital que também não tinha tomógrafo para pacientes superobesos.
Daniel Soranz, secretário municipal de Saúde
Reprodução/TV Globo
"Era o tomógrafo que tinha possibilidade de realizar o exame. Chegando ao hospital, os médicos avaliaram que, mesmo aquele tomógrafo, que é diferente do Hospital Albert Schweitzer, não tinha capacidade para esse atendimento. E por isso, o paciente foi encaminhado para a unidade de origem", explicou Soranz.
"O Hospital Estadual Getúlio Vargas também tem um limite de peso para atender no tomógrafo e infelizmente o paciente não conseguiu ser tomografado naquela máquina. Os médicos contraindicaram a realização da tomografia naquele momento."
"Era um caso extremamente grave, que não havia possibilidade de uma intervenção cirúrgica, e o tomógrafo para ajudar a elucidar o diagnóstico. Era uma bala alojada em região de crânio, de difícil acesso, e com um ferimento muito intenso", acrescentou o secretário.