Polícia investiga se médico aplicou produto violado e vencido em paciente que morreu no RJ
16/05/2025
(Foto: Reprodução) Investigação apura se o médico Armando Marins tinha permissão para realizar procedimentos em consultório. No CRM, ele consta como clínico-geral, sem nenhuma especialização. Médico é alvo de buscas após morte de paciente
A investigação da 78ª DP (Fonseca) indica que o médico e ex-vereador de São Gonçalo Armando Marins pode ter aplicado um produto violado e vencido na paciente Priscilla dos Santos Nascimento, de 42 anos, que morreu em março. A denúncia de violação foi dada no depoimento de uma enfermeira.
Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão nesta sexta (16), os agentes encontraram diversos produtos vencidos na clínica. A mulher tinha feito um tratamento para varizes, teve complicações e morreu de infecção generalizada.
A Justiça determinou o afastamento de Armando da profissão e mandou reter o passaporte. O médico não foi encontrado nos endereços.
Em uma consulta no banco de dados do Conselho Federal de Medicina, o registro de Armando não apresenta nenhuma especialização — ele seria clínico-geral. O médico afirma ter 30 anos no ramo.
A polícia apura se Armando, que se apresenta como endocrinologista, tem permissão para realizar procedimentos no consultório. Os agentes suspeitam ainda de fraude processual, já que o prontuário da paciente não foi encontrado.
“Nos autos já consta essa informação trazida pelos próprios funcionários de que o medicamento aplicado estaria vencido e violado. A gente encontrou o prontuário médico de todos os pacientes, menos o dela. Então existe uma suspeita de tentativa de fraude para dificultar as investigações”, afirmou o delegado Gabriel Martins.
Priscila dos Santos Nascimento
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O caso
Priscilla dos Santos Nascimento tinha 42 anos, era estudante de Serviço Social e queria emagrecer. Um irmão dela já tinha iniciado um tratamento com Armando e o indicou.
Ainda de acordo com o depoimento de uma enfermeira, no dia 27 de fevereiro Priscilla procurou a clínica para fazer um tratamento para emagrecer. No início de março, ela voltou e pediu o dinheiro de volta porque não ficou satisfeita com o resultado.
Segundo a testemunha, o médico então a convenceu a fazer um tratamento pra varizes.
A família diz que Priscilla pagou cerca de R$ 3 mil, somando as consultas e a aplicação da espuma nas pernas.
Ainda de acordo com os parentes, depois do procedimento, em 7 de março, Priscilla começou a sentir dores no corpo.
“Minha filha já não estava conseguindo andar mais. No dia seguinte, a perna da minha filha ficou horrível. Voltei nele com ela, e aí ele falou: ‘É assim mesmo, depois passa’. Quando foi de noite, a garganta dela estava cheia de pus”, narrou a mãe, Tânia Maria dos Santos.
A universitária foi internada às pressas. No prontuário do hospital, o médico escreveu que a paciente deu entrada com falta de ar, crise hipertensiva, amidalite, tosse seca e inchaço nas pernas. Na emergência, o caso foi tratado como septicemia, ou seja, infecção generalizada.
A TV Globo não conseguiu contato com a defesa de Armando.
Substâncias apreendidas em operação
Reprodução/TV Globo