PF estima que quadrilha de Adilsinho fature R$ 50 milhões por mês; bicheiro tem 2 Ferraris e já possuiu jatinho, diz investigação
19/05/2025
(Foto: Reprodução) Segundo as investigações, dinheiro foi obtido através de fábricas de cigarro clandestinas, que funcionavam à base de violência e trabalho escravo e possibilitaram ao criminoso a aquisição de 2 Ferraris, uma aeronave particular e imóveis. 'Ele é perigosíssimo', diz investigado pela PF sobre Adilsinho. Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho
Reprodução/TV Globo
A produção irregular e ilegal de cigarros no Rio de Janeiro é um negócio que, segundo a Polícia Federal, rende à quadrilha de Adilson Oliveira Coutinho Filho, o Adilsinho, um faturamento mensal de, no mínimo, R$ 50 milhões.
Segundo as investigações, a estrutura criminosa montada pelo bicheiro com a fabricação e venda dos cigarros, desde 2018, tem financiado não apenas a corrupção de agentes públicos, mas também investimentos em atividades ilícitas no Paraná e a construção de uma vida de luxo nos Estados Unidos — incluindo a aquisição de carros Ferrari e de um jatinho executivo avaliado em R$ 4,5 milhões.
Segundo as investigações da Polícia Federal, as fábricas ligadas à quadrilha têm atuação expressiva no estado: os produtos contrabandeados são comercializados em 45 dos 92 municípios do Rio de Janeiro.
Parte desse lucro também permitiu a compra de uma aeronave Cessna Citation III, modelo 1989, semelhante à que aparece na foto abaixo. O jato foi vendido em 2021.
Jato executivo semelhante ao adquirido por Adilsinho em 2020, segundo a PF
Reprodução
O patrimônio atribuído a Adilsinho inclui ainda cinco veículos importados, entre eles duas Ferraris — uma branca, mantida no Rio, e outra vermelha, destinada à Flórida, nos Estados Unidos. A Ferrari americana foi financiada entre 2016 e 2022 com recursos provenientes das atividades ilegais da quadrilha, de acordo com os investigadores.
A PF também identificou uma transferência de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,6 milhões na cotação de sexta-feira, 16) feita por Adilsinho em maio de 2020 para os Estados Unidos.
O objetivo, segundo as investigações, era obter um visto de residência no país, em uma tentativa de dar aparência legal ao dinheiro obtido por meios ilícitos.
Em nota, o advogado de Adilsinho alegou que o cliente é inocente e, por isso, está foragido.
"Em relação aos fatos imputados a Adilson Oliveira Coutinho Filho, reitera o investigado a sua inocência, estando por essa razão foragido, para diante da ampla defesa e o contraditório esclarecer os fatos no Poder Judiciário. Reitera que na hipótese de cumprimento dos mandados judiciais pendentes, jamais se oporá ao seu cumprimento, para responder as acusações pendentes de esclarecimento", diz a nota.
Negócios no Paraná
Na investigação que deu origem à operação Libertatis 2 chamou a atenção da Polícia Federal uma série de depósitos feitos do Rio de Janeiro para três empresas no Paraná.
Os investigadores descobriram que um funcionário da Adiloc, empresa de Adilsinho, deixava a filial da empresa na Barra da Tijuca e se dirigia para uma agência bancária, em um shopping do bairro.
Apenas no dia 6 de abril de 2022, entre 14h30 e 15h, foram 11 depósitos, fracionados em pequenas quantias de dinheiro que totalizaram R$ 6 mil para as contas de uma lotérica no Paraná. Nos dias seguintes, outras três empresas receberam depósitos: uma construtora e duas concessionárias de veículos.
As empresas pertencem a dois irmãos denunciados pelo Ministério Público do Paraná. Eles integrariam uma organização criminosa especializada em tecnologia e softwares para a exploração do jogo do bicho. Os irmãos seriam, segundo o MP, os controladores da chamada Banca Favorita.
Uma semana depois, em 13 de abril, houve nova série de depósitos em dinheiro (R$ 1,9 mil) que totalizaram R$ 38 mil para uma locadora de veículos, também no Paraná e também dos irmãos.
'Perigosíssimo'
Em conversa, dois advogados de São Paulo - investigados pela PF em 2023 por suspeita de envolvimento com a quadrilha, demonstram quem era Adilsinho, que na época atuava falsificando marcas de cigarros:
"Tenho medo desse cara. Ele é muito inteligente", disse um advogado que chegou a ser alvo de investigação da PF.
"É perigosíssimo", completou outro advogado, que também foi investigado.
Polícia pede prisão de Adilsinho por mortes ligadas a disputas entre contraventores no Rio
Conversa entre dois advogados de São Paulo sobre Adilsinho em 2023
Reprodução
Produção de cigarro em uma das fábricas de Adisinho, segundo a Polícia Federal
Reprodução
