Instituto Mar Adentro: onde a ciência toca o mar e transforma realidades
07/05/2025
(Foto: Reprodução) Nascida da paixão pelos oceanos, ONG reúne pesquisa, educação e mobilização para preservar o ecossistema marinho do Rio de Janeiro. Rio de Agora
Divulgação
O conhecimento é ferramenta fundamental para a preservação. Foi acreditando nessa premissa que um grupo de apaixonados pelos mares do Rio de Janeiro se uniu, há quase duas décadas. Inspirados pela rica biodiversidade da região, fundaram o Instituto Mar Adentro, com o objetivo de informar, sensibilizar e preservar.
Por trás dos mutirões de limpeza, das peças teatrais e dos encontros com ribeirinhos e pescadores está o conhecimento profundo das águas, das ilhas e da vida marinha. E está, também, a dedicação incansável de pessoas como Clerio Aguiar - o engenheiro que virou ambientalista e inspira, literalmente, multidões pelo meio ambiente.
“Já cheguei a colocar quase 400 pessoas entre o posto 5 e 6 de Copacabana em um mutirão pra limpar a praia. Sei que não vamos limpar todas as praias do mundo, mas entendo que a praia mais limpa é aquela que menos se suja. Por isso, o mais importante é conscientizar a população”, afirma.
Conhecimento que vira ação
A união entre pesquisa científica e ações educativas é o que move o Instituto Mar Adentro.
“O que temos em mente, como nossa missão, é a pesquisa, o conhecimento. A ciência é a origem de tudo. Somente quando você conhece profundamente uma região, você sabe como protegê-la”, afirma Clerio Aguiar.
Fundado em 2005, o Instituto carrega no nome a inspiração de suas ações. A ideia inicial era criar uma grande biblioteca virtual da biodiversidade marinha da região - mas foi o mergulho profundo nas questões ambientais que trouxe a urgência da ação.
Um caminho rumo à preservação
A filha de Clerio, que é bióloga marinha, deu o primeiro passo para a criação de um museu virtual marinho, voltado a ajudar pesquisadores na identificação de espécies que encontram.
“Como sou bom em tecnologia, ela me pediu ajuda. E quem nega o pedido de uma filha, né?”, relembra.
A inspiração familiar acabaria mudando a vida de todos. Como, à época, não era possível ter um domínio de internet em nome de pessoa física, surgiu a ideia de formalizar uma Organização Não-Governamental (ONG). A nova instituição englobaria não apenas a biblioteca virtual, mas outras ações voltadas à preservação dos mares.
“Eu, minha filha e uma colega da faculdade nos debruçamos nessa ideia. Procuramos modelos de estatuto, chamamos parentes e amigos para participar, fizemos uma vaquinha para pagar a contadora. E, no dia 13 de dezembro de 2005, realizamos a assembleia de fundação do Instituto Mar Adentro”, conta, orgulhoso.
Quando a inspiração vira ação, todos são capazes de transformar
Ao monitorar os ambientes que suas pesquisas, os então voluntários do Instituto perceberam que não bastava fornecer conhecimento. Era preciso, também, preparar quem vive do mar para que ele não se tornasse, involuntariamente, um agente poluidor.
Começaram, então, as ações dedicadas às populações ribeirinhas, aos pescadores e àqueles que frequentam as praias nos momentos de lazer. Os mutirões de limpeza e as atividades educativas chegaram para mostrar que aquele lixo que fica na areia após um churrasco acaba se acumulando nas ilhas, destruindo a biodiversidade.
Desenvolvimento de dentro pra fora
Os primeiros anos do Instituto foram sustentados pela anuidade dos associados. Até que, em 2010, a criação do Monumento Natural das Ilhas Cagarras - uma unidade de proteção integral - abriu a possibilidade de ampliação das atividades por meio de editais de fomento ambiental.
“Era preciso fazer um plano de manejo, com dados científicos e uma proposta multidisciplinar para a região. Nos unimos a outros pesquisadores e vencemos um edital. Foi nesse momento que o Instituto começou a crescer.”
Aos poucos, o trabalho foi ganhando atenção nacional e, até mesmo, internacional. Em 2021, o projeto desenvolvido nas Ilhas Cagarras e Águas do Entorno foi reconhecido pela Mission Blue, uma aliança global pela conservação dos oceanos.
A região foi nomeada, então, como o 2º Hope Spot (ou, ponto de esperança, em tradução livre) do litoral do Brasil. O título a colocou ao lado de outros 130 locais de relevância ambiental ao redor do mundo, incluindo as Ilhas Galápagos e a Grande Barreira de Corais, na Austrália.
Hoje, mais de 100 pessoas dão nome e força ao Instituto Mar Adentro, como associados. A rede inclui ainda pesquisadores e apoiadores contratados para projetos específicos.
Um olhar para o Rio do futuro
Mesmo com ações de grande impacto e uma visibilidade que extrapola os limites do Rio de Janeiro, Clerio Aguiar mantém seus pés nas areias cariocas e o olhar voltado para a ação local e as futuras gerações.
“A chave é o legado. Muito do resultado do que fazemos hoje, não vamos viver. É como plantar uma árvore frondosa, mesmo sabendo que não vamos aproveitá-la. É esse legado que tento deixar para meus netos, meus filhos, meus amigos”, conclui.
Educação ambiental para as novas gerações
Escola Municipal Professora Marlucy Salles de Almeida, em Trindade (São Gonçalo).
Águas do Rio/Divulgação
Ao olhar para o futuro, percebemos que é preciso agir no presente. E é por isso que, assim como o Clerio, a Águas do Rio busca construir hoje um amanhã ainda melhor para todos. Utilizar brincadeiras para falar sobre sustentabilidade e preservação ambiental foi uma das maneiras que a empresa encontrou para transformar a vida de milhares de famílias em sua área de atuação.
Após três anos de atuação, o programa “Saúde Nota 10” alcançou quase 730 mil crianças e jovens da rede pública de ensino por meio de atividades lúdicas, como jogos, apresentações teatrais e espetáculos artísticos, gibis, entre outras frentes.
O Projeto Saúde Nota 10 proporciona aos professores e alunos das escolas de Ensino Infantil, Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio a oportunidade de aprofundarem seus conhecimentos em cidadania, meio ambiente, água e saneamento, temas que são transversais a diversas disciplinas. Por meio de módulos contendo atividades práticas adaptadas a cada faixa etária, são utilizados recursos tecnológicos e audiovisuais, bem como experiências in loco onde os alunos serão incentivados a pensar em soluções para sua escola e seu bairro no que tange o uso da água, o tratamento do esgoto e a destinação de resíduos.
A Águas do Rio também costuma abrir as portas de sua sede principal, na Zona Portuária da capital, para levar os pequenos a uma viagem ao mundo do saneamento. No local, eles visitam um espaço de imersão que, por meio de imagens da vida marinha e da costa do Rio de Janeiro, explica a importância do saneamento básico para o futuro do planeta.