Criado por artista, “Nós do Crochê” ensina e acolhe mulheres da Rocinha

  • 14/01/2025
(Foto: Reprodução)
Fundadora Daniela Vignoli destaca o poder transformador da ONG, muito mais que um projeto social de capacitação Rio de Agora Divulgação Moradora do bairro São Conrado, no Rio de Janeiro, a artista visual Daniela Vignoli, 56 anos, tem a comunidade da Rocinha como vizinha de frente. Após uma enxurrada na cidade, ela entendeu que não cabia olhar naquela direção e só observar, era preciso se movimentar. A primeira ação motivou outras iniciativas e, posteriormente, nasceu a “Nós do Crochê”, um projeto social que tem transformado vidas desde 2019. Ao lembrar de tudo, ela conta que a transformação não chegou apenas às mulheres da comunidade. Público-alvo, elas recebem capacitação, com aulas de crochê, bordado e costura criativa, além de atendimento médico/odontológico e acolhimento, mas todas as pessoas envolvidas acabam impactadas de alguma forma. Daí a escolha do “Nós” no nome. “Quando comecei a me envolver, a intenção era ajudar mulheres, mas percebi que a transformação maior foi em mim e na Heloisa. A gente começou achando que ia ensinar e aprendeu muito mais”, conta, se referindo à procuradora aposentada Heloisa Cyrillo, 58 anos, sua grande parceira nessa jornada e uma das professoras na ONG. A primeira ideia, após uma chuvarada que inundou o bairro, foi recolher donativos para auxiliar moradores da Rocinha na limpeza de suas casas. O condomínio virou ponto de coleta e a roda começou a girar. Ao perceber outras necessidades, Daniela passou a receber (e distribuir) cestas básicas e deu início à Associação de Mães Amigas da Rocinha (A.M.A.R) para arrecadações mensais. O movimento fez com que se aproximasse de outros projetos sociais. Quanto mais conhecia a comunidade, maior era o desejo de fazer mais. Foi quando a artista olhou para as mulheres e teve a ideia de ensinar crochê, levando em conta que o trabalho artesanal, além de possuir função terapêutica, é um potente gerador de renda. O grupo já existente serviu para buscar voluntárias e tirar o projeto “Nós do Crochê” do papel. “Tudo mexia muito comigo. Ao mesmo tempo em que ficava feliz em ajudar, saía de lá angustiada, com um sentimento de que podia fazer mais. Não queria ficar no assistencialismo. Não que não fosse necessário, mas queria dar uma chance”, explica, citando a preocupação em fazer algo que gerasse renda às mulheres. Depois de algumas mudanças, hoje o projeto funciona na Rua Bertha Lutz, 84, loja A, e pelo menos 150 moradoras aguardam na fila para participar. Mais do que ensinar ofícios, a escola “Nós do Crochê” se tornou um espaço de acolhimento e convívio social, aberto de segunda a sexta, das 10h às 19h. Após a formação, com duração de um ano, cada aluna fica livre para seguir por conta própria ou continuar produzindo para a ONG - as peças são vendidas na internet ou em feiras do Rio de Janeiro, com renda revertida às artesãs e à manutenção do projeto. Todas elas recebem orientações sobre empreendedorismo. O próximo passo, segundo a coordenadora, é que ex-alunas se tornem professoras. Como o projeto fornece todo o material e ainda está em busca de um patrocinador, em breve devem iniciar as aulas para alunas pagantes, uma forma de colocar dinheiro em caixa. Para quem tem ou teve a oportunidade de participar, a “Nós do Crochê” tem sido um divisor. Daniela cita uma integrante que apelidou a sacolinha na qual carrega os fios de “sacola da dignidade”. Ela lembra também de uma senhora que chegou tímida, de cabeça baixa, e lá se descobriu outra pessoa, cheia de sonhos e confiança. “Hoje são atendidas cerca de 70 mulheres, mas já impactamos a vida de mais de 250. Somos um projeto de acolhimento que vem à frente do crochê. Nosso interesse é estar mais próximas dessas mulheres e ver como podemos ajudar não só ensinando um ofício. Muitas delas vão lá para ter uma escuta, um olhar, um espaço de pertencimento”, completa. Quando elas entram ali, explica Daniela, os problemas ficam do lado de fora. Formação em estética transforma a vida de mulheres no estado do Rio Águas do Rio Divulgação Assim como o “Nós do Crochê”, outras iniciativas que geram empoderamento e esperança podem ser capazes de transformar a vida de muitas mulheres - e, consequentemente, de toda comunidade. Com sonhos de independência financeira e uma nova perspectiva de futuro, mais de 100 mulheres da Baixada Fluminense e do Leste do estado deram um passo importante rumo à transformação pessoal e profissional. Por meio de cursos gratuitos oferecidos pela Águas do Rio em parceria com o Senac RJ, essas alunas se capacitaram em áreas como depilação, alongamento de cílios, maquiagem e design de sobrancelhas, descobrindo no aprendizado uma ferramenta para mudar suas histórias. Na Baixada, a formatura de mais de 60 mulheres foi celebrada na sede da concessionária em Nova Iguaçu. Para Aline Felix, gerente de Relações Institucionais da Águas do Rio, a iniciativa vai além da qualificação técnica: “É sobre criar oportunidades que empoderam e fortalecem a autonomia, permitindo que essas mulheres transformem suas vidas e suas comunidades.” No Leste Fluminense, a emoção tomou conta da cerimônia realizada na base operacional em São Gonçalo, onde 45 alunas comemoraram a conquista ao lado de familiares e amigos. Jucilene Cardoso, que enfrentou o desafio de conciliar as aulas com o tratamento de câncer de mama, viu no curso uma chance de recomeço: “Foi mais do que um aprendizado técnico, foi um resgate da minha autoestima e da minha vontade de sonhar.” O impacto dessas iniciativas é evidente. Diogo Freitas, gerente executivo da Águas do Rio, destacou o compromisso da empresa com o desenvolvimento social: “Queremos ser parte de histórias de superação e dignidade, indo além do saneamento básico para oferecer oportunidades reais.” Com 147 mulheres formadas em 10 turmas ao longo de 2023, a parceria entre a Águas do Rio e o Senac RJ reafirma que, com apoio e capacitação, transformar vidas é possível.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/especial-publicitario/rio-de-agora/noticia/2025/01/14/criado-por-artista-nos-do-croche-ensina-e-acolhe-mulheres-da-rocinha.ghtml


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